Fui convidado a escrever um texto sobre o propagandista. A primeira reação, apesar da correria das atividades do dia a dia foi rápida: aceito!
Imaginei que escrever um texto sobre o propagandista seria fácil, afinal eu trabalhei nesta atividade.
Para começar, recorri ao hábito de consultar o dicionário para ter clareza sobre o significado do termo.
A definição que mais se aproxima da atividade no setor farmacêutico é: que ou aquele que faz propaganda de remédios junto aos médicos, por meio de visitas aos consultórios, distribuindo amostras grátis dos produtos.
Neste ponto as dúvidas começaram, pois, vejo o propagandista não atuando somente em consultórios médicos. Muitos trabalham em hospitais, clínicas e outros órgãos ligados à área da saúde. Além disso, alguns são especializados em segmentos distintos com grande conhecimento sobre assuntos pertinentes aos seus produtos.
Aqui fica a dúvida: será que a definição do dicionário está errada?
Certamente não.
A definição é clara, porém, provavelmente remete à imagem tradicional que temos do propagandista. Aquele profissional que antigamente (mas não tão antigamente…) visitava médicos, vendia medicamentos em farmácias.
Entretanto tudo muda. Portanto, hoje não podemos pensar no propagandista sem analisar o contexto no qual ele atua: a área da saúde.
Poucos setores têm experimentado avanços tão importantes como este. Certamente a indústria farmacêutica, fez e faz parte deste desenvolvimento acelerado que permitiu à humanidade aumentar significativamente a expectativa e qualidade de vida.
Atualmente, vivemos um cenário em transição. O mercado farmacêutico, antes dominado pelos blockbusters agora cede espaço para as inovações focadas em segmentos de nicho, prescritos por médicos altamente especializados. Além disso, no mercado brasileiro, medicamentos genéricos e similares ganham espaço rapidamente.
Voltando aos medicamentos inovadores, a questão do acesso ganha ainda mais importância. Muitas vezes o paciente não adquire os produtos através dos pontos de venda tradicionais, mas sim em hospitais e clínicas especializadas ou mesmo os recebem de instituições que assumem o tratamento baseado em protocolos pré-definidos.
Portanto, é esperado que o perfil do propagandista também mude para se adequar aos novos tempos. Para que isto ocorra é lógico imaginar que as empresas farmacêuticas, atentas ao cenário da saúde, desenvolvam seus colaboradores e ofereçam ferramentas para melhor adequação às novas demandas. Porém, os desafios abrem novas oportunidades tanto para as empresas como para os profissionais que aí atuam.
Neste ponto, os propagandistas têm uma posição privilegiada, pois, vivenciam estas transformações no seu dia a dia. O importante, no entanto, é não apenas vivenciar, mas enxergar estas mudanças e entender como elas afetam a sua atividade cotidiana.
Possivelmente teremos no futuro propagandistas atuando com o perfil semelhante ao mencionado no dicionário. Porém este não é e não será o único perfil destes profissionais.
Portanto, é importante que os profissionais da propaganda médica se mantenham atentos, percebendo as mudanças do ambiente. É certo que estas mudanças influenciarão o seu trabalho gerando oportunidades de transformação na forma de atuar permitindo melhora em seu desempenho profissional e consequente incremento nos resultados de sua empresa.
Inajar de Souza
É sócio-diretor da FarmaAcademia® e presidente do Clube de Novos Negócios da Indústria Farmacêutica®.